12 de ago. de 2015

CORPO: INSTRUMENTO DE AUTOCONHECIMENTO NA DANÇA E DANÇATERAPIA por Kênia Soares Moreira dos Santos1

CORPO: INSTRUMENTO DE AUTOCONHECIMENTO NA DANÇA E DANÇATERAPIA



Por: Kênia Soares Moreira dos Santos

A MÚSICA COMO PRINCIPAL ESTÍMULO PARA A EXPRESSÃO DO
CORPO E DA DANÇA

(...) é válido ressaltar que precisamos trabalhar o indivíduo como uma pessoa inteira, com o corpo e suas percepções, sua expressão, afetividade, experiências, sentidos, criatividade e linguagem. A música é um excelente instrumento e estímulo para o movimento e a dança. Howard (1984, p. 12) entende que:
As modificações que a música provoca em nossa vida interior, como toda a impressão exterior que age sobre as profundezas do nosso ser, significam outro tanto de ampliação, de diferenciação, de aprofundamento em nossa substância íntima, ou melhor, são no sentido próprio do termo, a causa do despertar de nossas faculdades.
Cada pessoa tem o seu ritmo e o seu próprio tempo. Podemos dançar o som, a música e o silêncio. Quando dançamos no silêncio, percebemos a nossa pulsação, algo interior que nos faz mover e expressar. Desde o ventre materno ouvimos a pulsação do nosso coração e o ritmo da corrente sanguínea. Tudo no universo tem a sua vibração e o seu som característico.
A música é um grande estímulo para os que ouvem. Pode-se explorar e aplicar à dança qualquer tipo de música. As músicas clássicas de todas as épocas, as músicas do folclore brasileiro ou de outros países, as percussões sonoras, as percussões corporais, enfim; podemos fazer uso de músicas de vários estilos, além da palavra e do silêncio. Tudo depende do que vai ser abordado na aula ou na vivência do grupo, em função do tema e do objetivo a ser alcançado. De acordo com esta perspectiva, o dançaterapeuta ou o facilitador deverá antecipar sua pesquisa musical.
Os estímulos visuais, sonoros e a música podem ter uma valiosa contribuição durante as aulas. Lentamente, a partir da introdução destes estímulos, os indivíduos vão conquistar movimentos diferentes, reconhecer o espaço, produzir um clima dinâmico, alegre e descontraído, onde cada um começa a se sentir, a se aceitar e reconhecer o seu valor, harmoniosamente inserido no grupo.
O corpo encontra um canal de comunicação com a música. Ela pode tocar o fundo da alma e despertar o desejo de movimentar. Tudo possui pulsação, movimento inteligente e integrado. A infinita natureza celeste com sua admirável disposição e curso seguem um vasto mecanismo de movimentos, formas e cores que produzem um extasiante espetáculo há milhões de anos e compõem a grande sinfonia do universo.
A música, sendo ouvida e expressada junto com o corpo, mostra aspectos escondidos que nem sempre o ouvido ou a nossa inteligência podem perceber ou reconhecer totalmente. A música torna-se mais rica e expressiva porque o nosso corpo vive, vibra, capta, sente e se expressa como o principal instrumento desta orquestra. Seguindo esse raciocínio, Fux (1996, p. 67) acrescenta:
Fundamental é a necessidade de comunicar-nos com a música, como se fosse um alimento, e senti-la em qualquer parte do corpo, para depois poder desenvolver com os outros a etapa da comunicação. Só quando a música penetra por todo o corpo e necessita sair dele é que ela é válida para dançar. A música busca a totalidade do corpo para expressar-se. Busquemos a música que corresponda a cada um de nós e tratemos de dar-lhe o elemento criativo, com nossos movimentos. Só assim a música e o movimento terão uma unidade criadora e será a vivência real de nós mesmos.
Ela ainda apresenta uma explicação de como a música se processa em nosso corpo:
A música, ao transformar-se, não apenas penetra pelo ouvido; a vinculação se estabelece com todo o corpo: o ouvido serve de ponte, mas também a pele “escuta” a música e pode canalizá-la. Quando é absorvida assim, produz o movimento musical, ou seja, transforma-se em corpo-movimento, e o corpo-movimento é música. (Fux,1988, p. 44)
A música tem muita similaridade com a continuidade, com a sucessão. Ela vai tecendo o seu caminho no ar. Em uma partitura musical existem as notas, as pausas, a melodia, a cadência, o ritmo e a dinâmica. Na dança não temos folhas nem pentagramas, escrevemos estas notas no ar, com os nossos corpos, com a dinâmica específica para aquele movimento. Nela não deixamos registros escritos e sim registros de expressão com os corpos no tempo e no espaço.


Texto completo no link:

http://www.seer.ufu.br/index.php/olharesetrilhas/article/viewFile/14660/12995

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