Caros cursistas,
Segue textos trabalhado na aula historiando e dançando. Bons estudos. Podem comentar, perguntar, discutir, refletir. Esse espaço é de todos.
- Texto da aula historiando e dançando - Texto 1;
Disponibilizo o link do livro de Lucy Penna, um dos textos que estudamos na aula citada acima.Pg. 83.
O nome do capítulo é dança do ventre.Abraços e bons estudos.
http://books.google.com.br/books?id=nU6Qb2gS3QkC&dq=Dance+e+Recrie+o+Mundo+-+A+for %C3%A7a+criativa+do+ventre&printsec=frontcover&source=bl&ots=_Zq9pq6swE&sig=HgMbFinsiuJU-VVHjPPtjHJSjgs&hl=pt-BR&ei=6PUbS8OqF9KXtgfRh9TqAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CAwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false
- Texto da aula historiando e dançando - texto 2:
O desenvolvimento histórico como culminante do imaginário atual – a figura da odalisca.
Dentro da construção social imaginária mais preponderante nos dias atuais, a dança do ventre é retratada como um instrumento de sedução e apelo sexual. Isso pode ser explicado por um processo histórico que teve seu ápice na idade média, mas que perdura até os dias atuais.
No desenvolvimento histórico da humanidade e mais precisamente na história antiga, a sociedade era matriarcal, como dito anteriormente. O útero feminino era considerado -como retrata a autora de “dance e recrie o mundo – a força criativa do ventre”, Lucy Pena como o vaso da criação. Portanto, a mulher era como uma representante da Deusa, capaz de gerar vidas, potencialmente criadora. A dança do ventre entrava como um elemento diretamente relacionado com a existência humana; na criação e manutenção dessa dimensão. Era um ritual sagrado capaz de fortalecer física e psicologicamente as mulheres que a praticavam. O corpo, a dança e a mulher eram considerados sagrados e cultuados por todo o povo antigo em diversas regiões.
Algumas meninas eram escolhidas desde crianças ,em regiões como Suméria e Egito, por exemplo, para serem sacerdotisas, ou seja, servirem a Grande Mãe – Deusa que reunia em si todos os atributos sagrados tais como o amor, a vida, a morte, o espírito, a guerra, dentre outros.
Tanto o sexo, quanto o parto eram trabalhados e favorecidos pelos movimentos da dança do ventre, já que a musculatura do assoalho pélvico, era massageada e fortalecida por essa prática que dentre outros benefícios, favorecia essas funções, além de fortalecer a mulher psiquicamente, já que estava atrelado a um ritual sagrado.
Entretanto, aos poucos, o povo que inicialmente era nômade, foi se estabelecendo em regiões propicias para a moradia, como em margens de rios, a exemplo do Nilo, no Egito e o Tigre e Eufrates – na Mesopotâmia.
A partir dos sistemas de navegação desenvolvidos pelos Fenícios os povos foram expandindo-se. Mas, além de trocas de especiarias, começaram a querer obter terras de outros povos e as invasões e apropriações/desapropriações começaram a acontecer.
Aos poucos as sociedades – principalmente Grécia e Roma – foram se tornando politeístas até a assunção de um único Deus, não mais Deusa, mas um Deus tirano, capaz de punir severamente caso os seus filhos não atuassem dentro de suas severas regras. Esse princípio religioso é visto no catolicismo, judaísmo, islamismo, dentre outras doutrinas. Nasce a idéia do pecado e da mulher vista como tentadora, tal qual Lilith, que induz Eva a comer a maçã.
Achados históricos revelam que várias bailarinas foram decapitadas nas Margens do Rio Nilo pela tropa de Napoleão Bonaparte. Muitas mulheres que não seguiam o preceito da Igreja Católica, foram queimadas na fogueira, acarretando no medo da liberdade de expressão. O corpo passou a ser visto como tentador, pecado original. As mulheres foram relegadas a função de procriadoras. Foi instaurada a divisão entre corpo e espírito, outrora, tão articulados.
A sedução começou a aparecer como associada a imagem da serpente diabólica e não mais como sagrada e capaz de promover cura, geração e manutenção da vida, do corpo saudável do prazer interligado ao sacro.
A dança do ventre, portanto, acabou sendo associada a essa concepção da Odalisca sedutora, não, da sacerdodiza que integrava as funções de sexo e cura, corpo e espírito, sem dicotomias.
obs: Esse texto é parte integrante do artigo de Miliane de Lemos Vieira(Miliane Tahira), não podendo ser reproduzido sem direitos autorais
História e Cultura da Dança do Ventre
Prováveis Origens:
Há muitas lendas sobre o surgimento da Dança do Ventre. Entretanto, as informações mais consistentes são respaldadas em achados através de Sítios Arqueológicos como Uruk na Anatólia, por exemplo.
Especula-se que por volta de 5.000 a 7.000 anos AC uma Dança com essas características da Racks El Sharki existiu na Região da Suméria, que por conjectura com outros achados, seria anterior ao surgimento em outras Regiões. Além da Suméria,outras correlações no mesmo período foram encontradas nas ilhas de Chipre e Creta, que atualmente fazem parte do Arquipélago da Grécia.
A Suméria(situada entre os Rios Tibre e Eufrates), correspondente hoje ao Iraque, foi considerada berço da Civilização, pois como produziram riquezas e alimentos a mais para a subsistência da sua Sociedade, foram capazes de liberar tempo para outras atividades. Uma das Formas de manutenção das necessidades do Povo eram os cultos para que a Grande Mãe propiciasse boas colheitas e plantios.
Reverenciada com uma em si mesma, ou seja, com poderes absolutos sobre a vida e a morte, o amor e a natureza, a Deusa Inana era cultuada através de ritos sagrados, como cantos, danças e outros.
Um dos objetivos da dança era, precisamente, promover os favores da Deusa, bem como fortalecer as mulheres para a fertilização, gravidez e parto.
Assim surgiu a Dança do Ventre, como um rito religioso e expressão da vida e realidade de um povo.
Disseminação Árabe:
Assim, a Dança do Ventre se extende até as Terras Férteis do Egito. Com a Invasão dos Árabes a cultura Egípcia foi incorporada pelos mesmos em muitos aspectos e a dança tomou ares mais festivos e apareceu enquanto entretenimento. Com mercadores, os árabes foram excelentes disseminadores dessa dança levando esta para inúmeras regiões.
Hoje, com a infinidade de influências regionais, fica difícil classificar o que é original e adquirido. Cabe estudá-la nos nossos dias e preservar aspectos oriundos da mesma, sabendo acolher as adaptações com suas fontes atuais, sem, entretanto, perder a sua história e estrutura.
Esta apostila faz parte do curso livre de aperfeiçoamento profissional em dança do ventre e folclore árabe da KC Produções e Eventos. Foi idealizada pela professora por Cristiane Pimenta. Não pode ser reproduzida parcial ou no total sem mencionar os créditos à professora, a Morjane e a empresa realizadora do curso.
A grande solidão das mulheres árabes
Morjane
31 de maio de 2007
Apesar das grandes mudanças conhecidas pelas sociedades árabes, a condição feminina permanece ainda um “verdadeiro quebra-cabeças”.
No teatro, como fora desta estrutura, a mulher é marcada de uma carga negativa. Até agora, poucas moças se atrevem fazer teatro, dança ou cinema. A sociedade aceita o ator, mas não chega ainda a aceitar inteiramente mulheres atrizes e dançarinas.
É certo que as coisas não são tão evoluídas, a educação e os meios de comunicação social permitiram certa evolução. Hoje assiste-se à uma melhoria relativa do estatuto social dos artistas, porém sobre o teatro ainda está-se no início da adoção da arte teatral.
Nas peças de Maroun ano Naqqash, no meio do século 19, os papéis femininos eram interpretados por homens. As mulheres não eram admitidas nem mesmo no público. A situação começou a alterar, tanto que Nahda, espécie de imitação do espaço europeu, permitia certas margens de liberdade. Abou Khalil GR Qabbani tinha chamado duas atrizes libanesas, à Biba e Mériem, para interpretar papéis na sua peça, Emir Mahmoud. Zainab Fawaz brincou na Paixão e fidelidade (1893) e surpreendeu o público pela qualidade da sua interpretação. É partir deste período que os grupos começaram a recrutar mulheres e a integrá-las na sua equipe. Mas foi o Sírio-Libanês Souleymane GR Qardahi que primeiro usou mulheres no Egito. Começou primeiro “por colocar” sua mulher, uma judia, Leïla. Bennane, enquanto Rihani recorreu, igualmente ao recrutamento da sua esposa. Na Síria, várias mulheres fizeram o seu aparecimento no teatro nos anos 1910. Pode-se citar, os nomes seguintes: Victoria Hobeiqa, Alberta Haddad, Yousra Bedrane, Nadia Essayegh, Olga Ghanoum, Marie Baghdadi, Nejoua Fouad, Lamis, Leïla e Loris Qalam, Nejoua Sadqi, Charlotte Rochdi, Afifa Amina… a maioria esmagadora destas mulheres era de origem judaica ou cristã.
A partir dá primeira década do século vinte, as mulheres começaram a impôr-se mais ou menos nos grupo egípcios. Algumas constituíram seus próprios grupos: Mounira GR Mehdia e Fatima Rochdi. Tiveram êxito a seduzir o público árabe quando em turnê por alguns países árabes. O caso de Rosa GR Youssef é excepcional. Bateu a porta do grupo Ramsès Youssef Wahbi para fundar um jornal que existe até hoje e que tem uma audiência respeitável no Egito e nos países árabes. Uma verdadeira proprietária de imprensa. As mulheres do Magrebe conheceram as mesmas dificuldades para fazer-se admitir sobre as cenas de teatros. Na Tunísia, o grupo GR Adab, criado em 1910, dispunha de algumas atrizes: Baya, Zoubeida el Djazaïria et Aïcha Essaghira. Fizeram em 1912 papéis importantes em peças, Hernani (Hamdan), Roméo e Juliette, Othello, etc. Porém a atriz Habiba Messika que começou na arte do teatro com quinze anos, em 1912 tendo interpretado grandes papéis (Julie dans Salah Eddine, Desdémone dans Othéllo, Mejnoun Leila…) brincou com personagens masculinos: Roméo, Radamès sendo a primeira mulher árabe a se pôr na pele de um homem no teatro. Chegava a inverter as coisas e a impôr-se como comediante no sentido completo do termo. Foi queimada viva em 1930. Como Machrek, as primeiras atrizes eram cristãs ou judias. Apenas após 1912 as Tunisinas começaram a frequentar o teatro e a interpretar papéis importantes. Havia Aïcha Sghira, Zoubida Dziria, Bahia Soraya GR Kbira, Rachida Lotfi. Wassila Sabri que foi a primeira mulher a dirigir um grupo num país maghrébin, em 1928. Fatima Khtimi fundou, dois anos após o seu grupo. Em 1928, GR Ittihad GR Masrahi criava uma secção que apresentava as suas peças apenas para as mulheres. A União feminina tinha instaurado, em 1951, uma equipe teatral dirigida pela irmã do homem de teatro, Mohamed Lahbib. Na Argélia, se os homens podiam facilmente estar no teatro, as mulheres, quando desejavam precisavam ir de encontro ao meio familiar e com prejuízos sociais. Era difícil uma mulher estar no teatro, era simplesmente tolerada como espectadora. Poucas pessoas de sexo feminino optaram fazer teatro por ser um ambiente caracterizado por grande hostilidade. A comediante conhecida do período pós guerra foi Marie Soussan, uma judia, que fez grande parte das peças de Rachid Ksentini. Não foi a primeira mulher a fazer teatro como afirmavam alguns investigadores. Houve antes de Marie Soussan, a Sra. B. Amina, que desempenhou o papel de Zoubeida, a esposa do príncipe Haroun AR Rachid em Aboul Hassan GR Moughafel de Allalou (1927) e B. Ghazala que interpretou Sett GR Boudour no pescador e o gênio (1927) do mesmo autor.
Homens brincavam nos papéis de mulheres numerosas em peças. Em Djeha (1926) de Allalou, Dahmoune interpretou a Sra. Tamani. Os autores tentavam reduzir ao máximo os personagens femininos. Escreviam frequentemente as suas peças em função dos atores disponíveis. Francesas, certamente raras, encarnavam personagens. Certas dançarinas tinham optado definitivamente pelo teatro. Foi o caso de Keltoum, a parceira nomeado de Mahieddine Bachetarzi. Este período era marcado pela apresentação de personagens femininos demasiado maldosos e extremamente russos. Este discurso retomava, com efeito, a dimensão anti “feminina” das 1001 Noites e a ideologia machista desta época. A leitura de certos títulos permite melhor delimitar o discurso ideológico desenvolvido pelos atores que era com efeito apenas a expressão de uma sociedade retrograda. A maior parte dos autores apresentava personagens femininos fundamentalmente negativos: as mulheres sujas, maldosas e sem instrução. Alguns outros atores tentavam defender o direito da mulher à instrução num ambiente demasiado pouco favorável. Aboul Hassan vivia o pesadelo com a sua mulher que o martirizava na peça de Maroun ano Naqqash, Aboul Hassan GR Moughafel. Os homens de teatro da época apenas forneciam uma imagem muito negativa da mulher ainda não admitida na sociedade como ser inteiramente, frequentemente pouco presente no espaço do teatro e encarnavam raramente um papel principal. É em redor do personagem masculino que circulavam os papéis. Mesmo papéis que podiam trazer uma dimensão positiva ao personagem feminino eram transformados, adaptados para veicular um discurso pouco favorável. Raras atrizes puderam impôr-se na interpretação de personagens essenciais no funcionamento da mulher. Pode-se citar, Hassiba Messika que encarnou, para a circunstância, personagens masculinos. Mas a partir dos anos 30, era relativamente mais fácil num país como o Egito para uma mulher abraçar a carreira artística. O grupo Ramsès Youssef Wahbi comportava várias mulheres incluindo Fatima Rochdi, Amina Rizq e Rosa GR Youssef. Os teatros abrem-se, timidamente, às mulheres que ocupam lugares importantes. Nestes últimos anos raras mulheres foram chamadas para dirigir teatros. O que mostra que os governos continuam a ser ainda resistentes ao calor à qualquer mudança séria. Neste contexto, exclui-se os países do Golfo, o Iémen e o Sudão que vivem ainda situações infraestatais, mas, os outros países vêem as mulheres, graças ao seu combate, mesmo tímida, traçar-se uma via numa espécie de espaço sempre dominado pelas vozes masculinas. As comediantes ocupam lugares de escolhas em certas empresas estatais e dão-nos às vezes ver uma imagem positiva da mulher. É certo que as mudanças ocorridas desde os anos 50 e o aparecimento de novos autores iam transformar a representação artística nos países árabes. Youssef Idriss, Rachad Rochdi, Lotfi GR Kholi, Saâdeddine Wahba, Abdelkader Alloula, Kateb Yacine, Mohamed Driss e muitos outros forneceram outra imagem da mulher e atribuiu-lhe um espaço importante na representação. Nas peças de Kateb Yacine, a mulher é considerada de forma central. Youssef Idriss dá-lhes um lugar em situações fortes. Assim a mulher constitui-se por conseguinte um elemento central nas redes temáticas. Mas continua a ser ainda “menores” apresentadas frequentemente por grupos privados que vendem a idéia de mulher ser “o objeto”. Se as mulheres podem, sem demasiado problema, hoje integrar-se em grupos, é útil assinalar que nos teatros ainda são poucas. Os autores às vezes são obrigados a suprimir os personagens femininos e integrar o universo feminino no espaço masculino. É quase impossível montar, por exemplo, a Casa de Bernarda Alba Lorca ou as Três irmãs de Tchékhov. Há, hoje, atrizes e comediantes respeitadas melhor e que podem exercer todos os ofícios.
Bibliografia:
A Dança do Ventre no Brasil
A história da Dança do Ventre no Brasil ainda é recente, datando de aproximadamente uns quarenta (40) anos para cá. E pode-se dizer que provavelmente ela teve seu início quando os primeiros árabes aqui chegaram. Os primeiros imigrantes árabes vieram da Síria e do Líbano por volta de 1880, e se concentraram principalmente no estado de São Paulo, mais especificamente na capital.
A bailarina Patrícia Bencardini em seu livro nos diz que: “A partir dos anos 50, uma grande população muçulmana entrou no Brasil, vindos de diferentes regiões do Oriente Médio. E, na década de setenta do século XX, novos imigrantes libaneses vieram para o Brasil fugindo da guerra civil, quando muitos encontraram parentes distantes que vieram no começo do século” (p. 68-9).
Provavelmente este foi o caso da bailarina palestina SHAHRAZAD Shahid Sharkey que aqui chegou por volta de 1957.
As bailarinas em sua maioria concordam que ela foi a pioneira desta dança no Brasil. Seu nome de nascimento é Madeleine Iskandarian.
Shahrazad
Shahrazad foi cabeleireira por 18 anos e passou a dedicar-se à Dança do Ventre a partir do final da década de 70 no Brasil, embora já dançasse profissionalmente desde os sete (7) anos em diversos países árabes, como conta em seu livro.
Aqui se apresentou em diversos restaurantes árabes, teatros e programas de televisão, além de ter concedido várias entrevistas.
Publicou em 1998 o livro intitulado “Resgatando a Feminilidade – expressão e consciência corporal pela dança do ventre”, além de alguns vídeos com a didática que desenvolveu para o ensino de dança, com aproximadamente três mil (3.000) exercícios criados por ela. A última edição de seu livro foi lançada na 17º Bienal do Livro em São Paulo.
Sua dedicação à Dança do Ventre, além de incluir a formação de grandes bailarinas e professoras, incluiu ainda sempre uma luta pela valorização da dança e nunca por sua vulgarização.
Em seu livro ela diz que “uma bailarina não deve aceitar que os homens coloquem dinheiro no seu corpo. Eles dizem que é um costume, mas isto não é verdade. O corpo da mulher é sagrado e o povo deve assistir a essa dança com muito respeito e admiração” (p. 5 e 6).
Mesmo assim, na década de 80, segundo a bailarina MÁLIKA, “a dança do ventre era muito pouco conhecida e difundida no Brasil”. Era difícil obter materiais para estudos, aulas e apresentações como discos, CDs, vídeos e roupas. A literatura também era escassa, pois segundo ela, “o Brasil não havia produzido nenhuma obra sobre o assunto e escassas eram as publicações em inglês e francês”.
Para a bailarina esta situação passou a se modificar a partir da década de 90 quando no Brasil começaram a surgir publicações sobre a Dança do Ventre em jornais e revistas, quando surgiram eventos, concursos e desfiles, além de programas de televisão, rádio e internet tratando do assunto. Essa procura pela dança acentuou-se ainda mais após a exibição da novela “O Clone” pela Rede Globo de televisão.
Muitos profissionais dizem que não havia música árabe no Brasil, porque aqui não se produzia e não se vendia também. Os discos de vinil na época tinham que ser comprados fora do país.
De acordo com Jorge Sabongi, proprietário da Casa de Chá Khan el Khalili, no início dos anos 70 havia alguns poucos restaurantes árabes como Bier Maza, Porta Aberta e Semíramis, que atualmente não existem mais. Eles contavam com algumas apresentações de Dança do Ventre e alguns músicos árabes.
Um pouco depois, na década de 80, surgiram as primeiras bailarinas de Dança do Ventre brasileiras, que podem ser consideradas como a primeira geração de bailarinas no Brasil. Foram elas: Shahrazad, Samira, Rita, Selma, Mileidy e Zeina.
O primeiro vídeo didático de Dança do Ventre brasileiro foi lançado em 1993, pela Casa de Chá egípcia Khan el Khalili, tendo como professora a então já bailarina Lulu Sabongi.
Desde então muitos outros vídeos, e mais recentemente DVDs, têm sido produzidos no Brasil, tanto didáticos quanto de shows. Também muitos DVDs internacionais têm sido comercializados aqui, já que a procura tem sido cada vez maior.
A casa de chá egípcia Khan el Khalili foi inaugurada em 1982 por Jorge Sabongi e antes de completar dois (2) anos passou a contar com apresentações de Dança do Ventre (por sugestão de uma casal de egípcios) uma vez a cada três (3) meses.
té que apareceu Lulu, e após iniciar os estudos na Dança do Ventre, começou a se
Lulu Sabongi
apresentar na Casa de Chá cada vez com maior freqüência e com um público cada vez maior.
Hoje a Khan el Khalili tem mais de vinte e cinco (25) anos de existência. Além de contar com casa de chá, conta ainda com apresentações diárias de Dança do Ventre, oferece aulas, shows, produz Cds e DVDs, exportando inclusive para outros países.
Os primeiros Cds produzidos no Brasil vieram da família de músicos Mouzayek, liderada pelo cantor Tony Mouzayek. A coleção de Cds intitulada “Belly Dance Orient” encontra-se atualmente em seu 41º volume.
A família Mouzayek veio da Síria na década de 70 e aqui se instalou contribuindo para a divulgação da cultura árabe, principalmente da Dança do Ventre no Brasil.
Além de músicos, são proprietários de uma loja no centro de São Paulo, a Casa Árabe, que existe há mais de quarenta (40) anos e vende diversos artigos para Dança do Ventre, como CDs, DVDs, roupas, acessórios, livros e instrumentos musicais.
Um importante e grande evento de Dança do Ventre que ocorre anualmente no país é o “Mercado Persa”. Ele ocorre na cidade de São Paulo desde 1995 e é caracterizado por promover muitas apresentações de dança oriental (amadoras e profissionais) e por vender muitos artigos especializados às suas praticantes.
O número de participantes deste evento vem aumentando desde seu surgimento, tanto que já conta com dois palcos e não mais com um como no início. O que significa que durante doze (12) horas, das 10 às 22, acontecem apresentações ininterruptas de Dança Árabe em dois palcos simultaneamente. Este evento foi criado pela bailarina Samira Samia e é dirigido por sua filha, a também bailarina, Shalimar Mattar.
Foram ainda elas que criaram o primeiro jornal sobre o assunto no Brasil “Oriente Encanto e Magia”, com publicação mensal, existente desde o ano de 1995. Sua distribuição é gratuita e consta de matérias, artigos, fotos, divulgação de eventos e de profissionais da área.
O primeiro livro sobre o assunto, “Dança do Ventre – uma arte milenar”, foi escrito pela bailarina e professora Málika em 1998, pela Editora Moderna. Foi lançado na Bienal de mesmo ano, mas atualmente se encontra esgotado.
De acordo com a autora, o livro surgiu “de um caderno de estudos, onde costumava anotar passos, dúvidas, temas a serem pesquisados e/ou aprofundados, curiosidades etc”.
Hoje em dia não nos deparamos mais com muitos dos problemas que havia antes, como a falta de Cds, vídeos, figurinos, professoras, bailarinas na área de Dança do Ventre.
Muito pelo contrário, há uma abundância grande de material para estudos e pesquisas, principalmente com a internet. Nela há textos, fotos, divulgações de eventos, bem como vídeos. Há uma estimativa de que o Brasil é, junto com os Estados Unidos, um dos países ocidentais com o maior número de praticantes do mundo. De fato, a mulher brasileira se identifica com as características da Dança do Ventre e talvez por isso ela faça tanto sucesso aqui. Atualmente no Brasil as aulas de Dança do Ventre são oferecidas em diferentes espaços como em academias de ginástica, clubes, escolas especializadas, escolas de dança, assim como em espaços esotéricos e centros culturais.
Muitas revistas e livros já foram escritos sobre o assunto, não se esquecendo de que a divulgação maior fica por conta da internet.
Apesar de pequena, ainda há uma participação da Dança do Ventre no meio acadêmico, onde conta com algumas publicações de monografias, artigos científicos e dissertações de mestrado.
Além disso, nosso país ainda conta com muitos eventos anuais que prestigiam a Dança do Ventre, assim como workshops nacionais e internacionais realizados principalmente na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O Brasil ainda produz CDs árabes, bem como vídeos, DVDs e roupas, além também de importá-los quando é de agrado das clientes.
Fonte: http://nastenka1962.wordpress.com/2009/06/27/sempre-e-bom-ficar-por-dentro-2/
Código de Ética da Dança do Ventre
O Código de Ética da Dança do Ventre foi elaborado a partir da iniciativa de SHALIMAR MATTAR, editora do jornal "ORIENTE, ENCANTO E MAGIA", objetivando a organização e valorização do segmento envolvido com a dança do ventre no Brasil.
Esse é o resultado de um trabalho conjunto e democrático que contou com a participação de 439 praticantes dessa arte (amadoras e profissionais) durante um período de 10 meses de trabalhos. Publicação 03/03/2002 durante o "1º Simpósio de Dança do Ventre" realizado em São Paulo:
"Código de Ética da Dança do Ventre"
A dança do ventre é uma expressão artística e, como tal, deve ser difundida. Cabe às profissionais da área zelar pelo seu conceito, mantendo assim, os padrões de elegância que a envolvem e não permitindo sua vulgarização.
Para exercer suas funções com dignidade, as profissionais da área devem receber remuneração justa pelos serviços artísticos ou didáticos prestados.
É considerada conduta antiética a prática de concorrência desleal com outras profissionais da área (bailarinas ou professoras).
PROFESSORAS:
- A professora tem a função de ensinar e orientar pacientemente, sempre zelando, em primeiro lugar, pela saúde e bem-estar de suas alunas, e respeitando as limitações de cada uma.
- A todas as professoras é dada orientação que seus currículos estejam à disposição das alunas.
- É importante que a professora realize anualmente avaliações opcionais com suas alunas, as quais terão à disposição informações preciosas para a evolução de seu aprendizado.
- A dedicação ao ensino deve ser direcionada para o conhecimento de suas alunas e não como instrumento de vaidade pessoal para a promoção da professora
- A professora deve exercer seu trabalho livre de toda e qualquer discriminação, motivando e respeitando suas alunas, independentemente de características físicas ou faixa etária, lembrando que esta é uma atividade que deve ser direcionada visando ao bem-estar e equilíbrio físico, mental e emocional. Portanto, não podem ser exigidos padrões estéticos que diferenciem ou discriminem qualquer uma delas.
- Para aptidão ao magistério da dança do ventre considera-se satisfatório um período mínimo de 4 anos de estudos na área, com aperfeiçoamento em didática e conhecimentos de anatomia, cinesiologia e biomecânica que possibilitem segurança na realização de um trabalho corporal consciente. O tempo de estudo pode ser reconsiderado a partir de cursos realizados anteriormente, como balé clássico, educação física ou faculdade de dança .
- A professora de dança do ventre deve buscar aprimoramento e atualização constantemente.
- A professora deve cumprir a programação e o cronograma de cursos oferecidos ou divulgados a suas alunas.
- Todas as alunas merecem igual atenção de sua professora, a qual não deve fazer qualquer distinção entre elas.
- A professora deve ser especialmente honesta quanto aos seus conhecimentos, buscando respostas corretas para esclarecimento de suas alunas. Todas as informações pertinentes ao curso que se dispõe a ministrar devem ser transmitidas com clareza e honestidade, visando ao efetivo aprendizado de suas alunas.
- Como a dança do ventre tem origens muito remotas e informações de difícil acesso, esta questão deve ser sempre esclarecida a priori, para se evitar a divulgação de histórias fictícias que resultem em prejuízo à sua imagem e evolução.
- A professora não deve estimular competitividade negativa entre suas alunas ou com outros grupos.
- A professora deve ter respeito e consideração com as demais profissionais da área, preservando um ambiente de relacionamento sadio que possa acrescentar ao desenvolvimento de todo o segmento, não utilizando a sala de aula como espaço para demonstrar rivalidades pessoais ou denegrir a imagem dos demais profissionais da área em pról de sua promoção.
São ainda consideradas atitudes antiéticas:
- Apresentar coreografias de outras profissionais sem prévia autorização, bem como omitir o nome da responsável por sua criação.
- Coibir a participação de alunas em workshops e cursos que possam acrescentar elementos ao desenvolvimento e aprendizado.
- Apresentar currículos com informações fictícias referentes ao aprendizado e experiência. Recomenda-se que, em se tratando de cursos e workshops, sempre se solicite certificado de participação
BAILARINAS:No Brasil, até a presente data, são consideradas bailarinas de dança do ventre todas aquelas que, possuindo o conhecimento e experiência necessários, prestem serviços artísticos profissionais (shows) mediante oneração.
- Cabe à bailarina profissional cumprir todas as cláusulas acertadas em contrato para prestação de serviços artísticos junto ao seu contratante.
- A bailarina profissional de dança do ventre deve zelar pela imagem moral da categoria que representa:
a) mantendo relacionamento de respeito e elegância junto ao seu público e contratante.
b) trajando-se de forma adequada aos padrões da categoria durante suas apresentações.
Faz parte da correta conduta ética entre bailarinas profissionais:
- Quando assistir à apresentação de outra bailarina e/ou alunas, dedicar o devido respeito e atenção.
- Quando estiver realizando apresentação em conjunto, ser solidária e direcionar o trabalho com espírito de equipe e união.
- Ter consciência de que cada profissional possui um estilo próprio que a diferencia e, assim, saber apreciar e admirar, com a devida humildade, todas as variadas formas de se expressar a mesma arte.
- Respeitar o local de trabalho de outras profissionais.
São consideradas atitudes antiéticas:
- Atravessar ou interferir em contato de trabalho de outra profissional estando ciente deste fato.
- Distribuir material de propaganda pessoal durante serviços contratados por meio de outra bailarina.
- Criticar o desempenho ou denegrir a imagem de outra profissional junto ao público, contratantes ou demais colegas da área.
- Transformar uma apresentação coletiva em disputa pessoal de vaidade, interferindo na qualidade do trabalho apresentado.
A forma como uma professora e bailarina se referem à sua(s) mestra(s) é um exemplo que será seguido por suas alunas amanhã. Quem não respeita seu mestre não valoriza a arte.
Recomenda-se sempre avaliação médica antes do início das atividades, como em qualquer atividade física.
As responsáveis pela elaboração do Código de Ética esperam que a união, a humildade, a seriedade, o respeito e o amor sincero à arte estejam sempre acima de qualquer diferença pessoal. Que estes laços que nos aproximaram até aqui em favor do objetivo único de valorizar e organizar nossa arte se fortifiquem a cada dia, alcançando todas as praticantes da dança do ventre no Brasil.
Fonte: www.orienteencantoemagia