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Imagem Juliaro: palomailustrada.blogspot.com |
As mudanças físicas durante o ciclo menstrual são cada vez mais conhecidas por nós mesmas e pelas pessoas
ao nosso redor. É muito visível e perceptível que o nosso corpo muda, assim como a nossa disposição e o nosso
humor. Já as mudanças internas que afetam a sexualidade, a espiritualidade e a criatividade ainda são bastante
ignoradas.
Assim como a “menstruação” é inevitável, as energias e/ou emoções associadas ao nosso ciclo também são.
E são símbolos da natureza incontrolável e selvagem da mulher. Esse aspecto selvagem e consequentemente
cíclico não é valorizado socialmente, e por questões internas ou externas muitas vezes tentamos ser constantes
para atender as expectativas, sejam profissionais, emocionais ou de relacionamento.
Controlar esse fluxo, essa natureza essencial feminina é como tentar parar um rio muito caudaloso: impossível!
Suas águas vão encontrar algum lugar para seguir fluindo e aí é quando aparecem as dores, as tensões
pré-mentruais, a irritabilidade, entre outros sintomas que mostram que o rio esta encontrando outras formas para
seguir o seu caminho, pois é um fluxo tão poderoso que não podemos estanca-lo. Da mesma forma quanto mais
nos conectamos com a nossa natureza essencial, aceitando que somos cíclicas e que estamos em constante
movimento, podemos aproveitar o que cada fase tem de melhor e “dançar” com cada uma delas.
O ciclo “físico”, de todos os meses tem 4 fases: pré-ovulatória, ovulatória, pré-menstrual e menstrual. Nas lendas
antigas e na mitologia as energias que a mulher experimenta durante o seu ciclo menstrual também estão
descritas em quatro fases, um reflexo das fases da lua. Miranda Gray, terapeuta, artista e autora inglesa através
do seu livro “Luna Roja” * reune essas informações associando cada uma dessas fases a um arquétipo: Donzela,
Mãe, Feiticeira e Anciã. Arquétipos, neste caso, são imagens e energias comuns a todas as mulheres
independentemente da cultura a qual estamos inseridas.
A lua crescente representa a fase que vai desde o fim do fluxo menstrual até o começo da ovulação
(fase pré-ovulatória). As energias dessa fase são dinâmicas, inspiradoras, de iniciativa, e se assemelham a uma
jovem Donzela. Uma fase que nos pede ações independentes e a realização de tarefas.
Sugestão: Faça uma lista de todas as coisas que você quer fazer esta semana e mãos á obra, a criar novos
projetos.
Já a lua cheia se relaciona com a Mãe e representa o período da ovulação (fase ovulatória), as energias aqui se
assemelham a da maternidade pois contam com a energia de criar, sustentar e fortalecer. A criatividade interna
da mãe surge para criar uma nova vida. Esta fase nos pede para ser amorosas, aproximar-nos das pessoas e
expressar-lhes nossa gratidão. Sugestão: alimenta projetos e ideias que já existem.
A diminuição da luz durante a fase minguante reflete a diminuição da energia física da ovulação à menstruação
(fase pré-menstrual), assim como o aumento da sexualidade, da criatividade, da magia e a palavra escolhida para
este aspecto é a da Feiticeira, a qual tem o poder tanto para criar como para destruir. Nesta fase se liberam as
energias que podiam ter criado uma nova vida, um filho, só que desta vez se desenvolvem no exterior pedindo-nos
uma criatividade e espiritualidade independentes. Sugestão: Deixa que o seu coração, o seu útero e a sua
criatividade encontrem as imagens e palavras para expressar-se.
A lua nova e a Anciã representam a fase da menstruação, onde a mulher retira as energias físicas do mundo
terrenal levando sua consciência ao mundo espiritual. Essa etapa nos pede para descansar, rezar, meditar e
reflexionar. É uma fase de morte-renascimento onde as energias criativas que se gestam na mente podem gerar
tanto uma nova vida como filhas-idéias, já que é nesse período onde começa um novo ciclo.
Sugestão: Vá pra cama um pouco mais cedo esta semana e desfrute de um descanso extra.
Se comparamos o ciclo lunar com o feminino, as fases crescente e minguante são momentos de mudança e
equivalem as etapas da Donzela e da Feiticeira. Já a lua cheia e a lua nova são períodos de equilíbrio, assim
como as fases da Mãe e da Anciã.
Na maioria das mulheres a menstruação ocorre na lua cheia ou na nova. Mas não é necessário que o ciclo
pessoal acompanhe o ciclo lunar, o importante é estar em harmonia com o seu próprio ciclo. Os limites entre
uma fase e outra não são rígidos (uma semana num ciclo de 28 dias), as energias passam livremente de uma
para outra numa fusão dinâmica. Pouco a pouco e com algum tempo de observação perceberemos como uma
fase vai diminuindo sua força para iniciar à outra.
O mais importante é que cada uma perceba no seu ciclo, individualmente, como estas energias estão presentes,
como nos influenciam e o tempo que cada uma delas nos acompanha. Muitas vezes uma só atividade em
harmonia com cada uma das fases já nos faz sentir bem e nos alinhamos com nossa natureza!
Parece algo complexo e difícil?! Na prática é muito mais fácil de compreender estas relações já que fazem parte
da nossa natureza essencial feminina. Uma sugestão para que nos conectemos mais e mais com essa natureza
é anotar diariamente, o estado emocional, o nível de criatividade, ou de energia, o dia do ciclo e a fase da lua.
Este recurso é também chamado de Diagrama Lunar. Essa observação diária ajuda a despertar nossa percepção
entre o útero e a mente consciente criando um vínculo positivo com o ciclo menstrual.
Quando reconhecemos e aceitamos nossa ciclicidade e aprendemos a utilizar os recursos pessoais que estão
disponíveis diariamente, expressamos mais e mais o nosso Ser no mundo, nos sentimos em conexão com nós
mesmas e com as pessoas ao nosso redor.
* “Luna Roja” (não esta traduzido ao português)
Gray, Miranda. Luna Roja. 2 ed – Buenos Aires, Gaia/Grupal, 2013